sexta-feira, 6 de dezembro de 2013
O amor nem começa ...
O amor não começa porque o antigo acabou mal, com mentiras, mágoas, corações partidos e um fígado sobrecarregado. O amor não começa porque a dignidade ainda não acabou, porque o facebook não faz diminuir a distância e não permite contato e carinho. Ele nem começa por ainda não existir músicas novas para suprir todas aquelas que você dividiu e agora trazem lembranças desnecessárias e lágrimas no ônibus, e nos banheiros quando o álcool faz efeito. O amor não começa porque a solidão se torna gostosa, porque o amor nos filmes e nas praças e shopping são mais bonitos, qualquer coisa pra se distrair e ele não começa. Num mundo onde tudo que estraga é deixado no lixo e o amor não tem por que começar. Ele nem começa quando alguém se cansa das máscaras de quem não quer se expor e pular de cabeça numa relação, porque envolver requer coragem e, por na maioria dos casos não valer a pena, ele não começa. O amor não começa porque existem pessoas que fazem ele acabar mais do que pessoas que fazem ele durar, porque o amor dos outros é melhor e eles não merecem, já que o meu amor não começou. Não começa quando a razão fala baixinho “vai dar merda” e quando ela fala o pior: “eu avisei”. Porque acabou aquela história de “para sempre” e “até que a morte nos separe”, porque hoje as princesas dos contos de fadas perderam o seu sapatinho e nem deram falta, porque o armário estava cheio, e não começa porque os corações estão envenenados e indispostos, porque é cansativo se livrar das lembranças e mágoas e ter que repetir esse processo novamente. Não começa porque um gênio inventou um tal de amor próprio, e não começa porque cada um descobriu o remédio para ignorar a falta do entrelaçar dos dedos, para ignorar que as pessoas estragam umas as outras com o excesso de brigas e cobranças, e porque inventaram o chocolate, o travesseiro, os lenços de papel, mas ainda não existe cura para a desilusão, aí a amargura nunca acaba ... e o amor nem começa.
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